A pressão subiu.

Na maioria das vezes, os pacientes se alarmam quando os valores da pressão se alteram.

Muitos desconhecem os valores limítrofes. 

Em geral, consideramos um valor de pressão arterial normal acima de 90x60 e abaixo de 140x90. Há muitas variáveis a serem consideradas, mas não se trata de texto acadêmico.

O que é desconhecido é que valores anormais, em boa parte das vezes, se tratam de uma pseudo-crise hipertensiva (ou seja, falsa crise).

Analisemos as seguintes situações...

Situação 1

Pedro, 23 anos, procura o pronto-socorro com forte dor abdominal, febre alta, dificuldade para se alimentar. O médico suspeita de apendicite, pede uma ultrassonografia de abdome, que confirma o caso e o cirurgião vai operá-lo. À admissão, a pressão estava 170x100, mas Pedro não tem perfil de hipertenso: subiu devido ao quadro de dor. Trata-se de uma PSEUDOCRISE HIPERTENSIVA. Assim que resolvido, provavelmente retornará aos valores normais.

Situação 2

Joana, 28 anos, detesta ir ao médico. Todas as vezes que entra em um consultório, sua pressão sobe. Mas, se for aferida na farmácia, a pressão estará em valores normais. Pode tratar-se de um quadro de HIPERTENSÃO DO AVENTAL BRANCO, doença documentada, em que o paciente, ao ver uma pessoa vestida de branco, seja médico ou outro profissional de saúde, em ambiente hospitalar, eleva momentaneamente os valores da pressão.

Situação 3

Dona Maria, 55 anos, é hipertensa de longa data, diabética e tem colesterol alto. Certo dia, acorda com uma dor no peito, descrita como pesada, que não passa, de forte intensidade. Ao ir a um pronto-socorro, é feito um eletrocardiograma e diagnosticado Infarto Agudo do Miocárdio. A pressão estava em 200x130. Trata-se de uma EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA! A pressão diastólica (segundo valor) estava acima de "120" e houve acometimento de órgão-alvo (por órgão-alvo, entenda sistemas em que a elevação da pressão pode gerar impacto direto: neurológico, como um AVC, cardiológico, como o infarto, pulmonar, como um edema agudo de pulmão). Neste caso, deve-se utilizar anti-hipertensivo venoso para controle da pressão.

Situação 4

Seu João, 70 anos, também é hipertenso de longa data. Faz uso de 3 medicações: captopril, hidroclorotiazida, propanolol. Foi ao posto de saúde para medir a pressão, como faz rotineiramente, e estava em 180x120. Assustado com o valor, quis ser prontamente medicado, para abaixá-lo. Ao conversar com o médico, foi tranquilizado, pois se tratava de uma URGÊNCIA HIPERTENSIVA. Nesses casos, não se deve abaixar a pressão de maneira rápida, pois o corpo do Seu João está acostumado com valores maiores - temos até 24 horas para normalizar os valores.

Situação 5

Aline, 25 anos, está em sua primeira gestação. Seu marido a leva ao pronto-socorro devido a mal-estar intenso, dor de cabeça forte, sonolência. Relata que não havia alterações no pré-natal. Ao aferir a pressão, constata-se um valor de 190x100. Pode se tratar de uma PRÉ-ECLÂMPSIA, situação em que há um desarranjo circulatório e deve ser prontamente tratada por um obstetra, pois pode preceder crises convulsivas.

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-> Cada caso tem sua exceção, cada situação citada tem muitas variáveis e vários poréns, principalmente para os médicos que possam estar lendo o texto. Vale a pena lembrar: são textos básicos, para leigos aprenderem sobre certas situações e saberem como agir.

Falar de situações de aumento da pressão arterial não significa que o tema não será abordado novamente. Pelo contrário: devido a sua alta prevalência, a Hipertensão Arterial Sistêmica ainda será abordada várias vezes.

Coloco-me à disposição para dúvidas pertinentes ao assunto.

Obrigado!