quarta-feira, 22 de março de 2017

Febre X Uso de antibióticos

A febre é um sinal de alerta do corpo que há algo de diferente acontecendo.



Considera-se ESTADO FEBRIL de 37.3 a 37.8 graus, e FEBRE, a partir deste valor.


Devemos sempre lembrar que FEBRE NÃO É IGUAL A INFECÇÃO!  


E mais: febre não é igual a infecção por bactéria. Consequentemente, FEBRE NÃO É IGUAL A ANTIBIÓTICO!!



É muito comum, em prontos-socorros, familiares ficarem atônitos pela prescrição de antibióticos, devido ao paciente apresentar febre. Cada caso deve ser avaliado individualmente (por isso é ruim para nós, médicos, "atendermos" por ligação ou WhatsApp).



❗❗❗ Situações que podem cursar com febre, sem infecção: cânceres (linfomas, leucemias), lúpus, doenças da tireoide, anemia hemolítica, efeito colateral de medicações, vasculites...



👀 Leia os seguintes casos... 👀


1) Paciente masculino apresentando tosse com pouco catarro (cor clara), dor na garganta (diminuiu as refeições por conta disso), coriza e febre baixa (até 38.5, por exemplo). Na hora de olhar a garganta, está apenas vermelha..pulmões limpos.



2) Homem, 23 anos, apresentando dor em região lombar à direita, com mal-estar intenso, febre 39 graus, dificuldade para urinar.



3) Mulher, 40 anos, em consulta de rotina, mostrando resultado de cultura de urina em que cresceram bactérias. Sem queixas; sem outras patologias.




4) Mulher, 30 anos, gripada há uma semana (sem ter apresentado febre - apenas com sinais gripais: tosse, coriza, mal-estar, febre baixa, indisposição discreta), apresentando febre súbita de 39.5 graus, tosse produtiva, dor torácica.



👉👉 As situações acima identificam situações em que deve-se pensar no uso de antibióticos ou não. Vejamos:



✅   No caso 1, trata-se provavelmente de uma infecção VIRAL da via aérea superior. Não há, NO MOMENTO, indicação para uso do remédio em questão (O QUE NÃO SIGNIFICA QUE POSSA VIR A PRECISAR!!)


✅  No caso 2, pode-se tratar de uma PIELONEFRITE (infecção que ascendeu a via urinária, acometendo os rins). Neste caso, a depender da TOXEMIA do paciente, pode ser necessária a internação do paciente para antibiótico venoso.


✅   No caso 3, não há infecção! Apenas colonização da urina pela bactéria. Chamamos BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA. Certos grupos de pacientes devem ser tratados, como as gestantes (pela chance de parto prematuro).


✅   No caso 4, a maior chance é de uma PNEUMONIA! A provável infecção viral, da via aérea superior, serviu como "porta de entrada" ou mesmo permitiu que bactérias migrassem pela via aérea e causassem infecção no pulmão. A necessidade de internação também varia a cada caso.



Há algo muito temido nas discussões médicas, principalmente na área da infectologia: a RESISTÊNCIA BACTERIANA. O uso indiscriminado de antibióticos está selecionando bactérias cada vez mais fortes, que demandam antibióticos mais potentes (e caros). O desenvolvimento das medicações para tratar esses germes é demorado, pois são necessários vários testes e pesquisas para aprovação. Pode acontecer de o ritmo da seleção bacteriana ser muito mais rápido que o do desenvolvimento das drogas, o que causaria um "caos infeccioso" num futuro próximo.






Aberto a dúvidas!!
Grato pelo tempo e leitura.


domingo, 5 de março de 2017

Dor no peito

👉 Pressão alta.


👉 Diabetes.


👉 Colesterol alto.


👉 Uso de cigarro.


👉 Obesidade.


👉 Parente próximo que infartou novo.



Esses são os principais fatores de risco para o desenvolvimento de uma DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA, com consequente aumento da chance de uma SÍNDROME CORONARIANA AGUDA.



💣💣💣  A dor anginosa é uma dor cansada, em peso, ou queimação, ou aperto, que pode ser sentida do estômago a mandíbula, mas principalmente no peito esquerdo, que dura mais que 20 minutos, não melhora com o repouso e melhora com o uso de nitrato (comprimidinho embaixo da língua).  💣💣💣






Mulheres, diabéticos e idosos costumam sentir equivalentes anginosos, traduzidos por falta de ar, tontura, sonolência, entre outros.


As síndromes coronarianas se dividem em:




  • Angina Estável   (dói o peito, principalmente aos esforços, mas ainda não infartou - é como se o coração estivesse avisando...)

  • Angina Instável  (dói o peito mesmo ao repouso, e a dor não passa, o que leva ao pronto-socorro. As alterações no eletrocardiograma são poucas e as enzimas de infarto não alteram. Deve-se partir pro cateterismo ou testes de esforço.)

  • Infarto Agudo do Miocárdio Sem Supra de ST  (Infartou. O eletro tem suas alterações específicas, mas não fechou a artéria toda, então as enzimas não se elevam)

  • Infarto Agudo do Miocárdio Com Supra de ST  (É o pior infarto. Altera o eletro e as enzimas cardíacas. Provavelmente já houve perda de músculo...)





Além do eletro e das enzimas, outros exames a serem realizados são: 


✅ O cateterismo, com colocação de stent na artéria ou não (realizado em serviços de hemodinâmica, onde se injeta contraste na circulação pra visualizar a artéria entupida)

Cateterismo, antes e depois da colocação do STENT


✅ Teste ergométrico (caminhar na esteira, monitorado, pra forçar o coração e avaliar surgimento de dor)



✅ Ecocardiograma ("ultrassom" do coração, para avaliar funções das câmaras cardíacas, da força da bomba, das válvulas...)





Na chegada ao hospital, se houver a suspeita de infarto, já deve ser solicitado o eletro e ministradas aspirinas para mastigar e engolir. 


Outras medicações a serem usadas são morfina, oxigênio, nitratos, beta-bloqueadores, clopidogrel e heparina.



Em certos casos, há indicação de cirurgia cardíaca!



---------------->>>>>>>  A mensagem principal do texto é: se você ou algum conhecido costuma sentir dores no peito e tem algum dos fatores de risco acima, procure um médico, para esclarecer o caso! 



A PREVENÇÃO É O MELHOR REMÉDIO!!